Mês do Orgulho LGBT+: livro sobre Cinema LGBT completa 14 anos de lançamento

Foi exatamente há 14 anos, numa semana do Orgulho, mais precisamente numa quarta-feira que antecedia a 15a. Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (SP), que lancei meu livro "Cine Arco-Íris: 100 anos de Cinema LGBT nas telas brasileiras", pelo selo Edições GLS (sim, a sigla antigamente era GLS - Gays, Lésbicas e Simpatizantes), do Grupo Editorial Summus.

Aconteceu na Livraria Cultura do Conjunto Nacional na Avenida Paulista, a mesma que acolhe a Parada anualmente. A livraria já não existe mais, mas o livro resiste. Apesar de já estar adolescente, ele é referência nacional para trabalhos e pesquisas sobre o Cinema LGBT, principalmente nacional.

Foi o resultado de 3 anos intensos de pesquisas, numa época que a internet não era o que é hoje, o YouTube havia sido lançado há poucos anos (2005) e não trazia filmes, os streamings acabavam de surgir (2010), e o garimpo de filmes acontecia por DVDs, em locadoras (sim, elas ainda existiam) ou através de coleções de amigos. 

Os canais pagos ainda exisitiam e eu revirava as programações nas famosas revistas para encontrar filmes que ainda não havia assistido ou pudesse rever. Muitos tive que reassistir pois havia visto o filme no cinema décadas atrás, e já não me lembrava mais.

Os critérios para selecionar os 270 (sim, você leu direito, duzentos e setenta) filmes LGBT que entraram no livro, eram simples, mas rígidos: o filme deveria existir em alguma mídia, ser acessível, e ter passado no Brasil. Por isso o subtítulo: nas Telas Brasileiras. Se não hovesse passado no Brasil em algum momento, ficava de fora. E o período do livro compreende desde a década de 1940 até 2010, dividido em décadas. 

Foi a forma que encontrei de peneirar a quantidade já grande de títulos. Afinal, o primeiro "filme", é considerado aparecer em 1895, com o registro de W. L. Dickson de dois homens dançando abraçados ao som de um violino, antes mesmo da data de criação do Cinema propriamente dito. Esse ano corrobora (e até ultrapassa) os 100 anos citados no subtítulo.

O primeiro filme realmente citado no livro é "Wings" (1927), que traz um beijo entre dois homens, porém na época não havia passado no Brasil nem estava disponível. Agora é facilmente encontrado no YouTube.

Passados 14 anos, muito já se avançou, centenas de filmes novos já foram feitos entre 2011 e 2025, e alguns trechos do livro eu teria que atualizar utilizando esses novos critérios e plataformas. Com certeza citaria no livro em qual streaming encontrar cada um deles. E os 270 poderiam até aumentar.

O livro ainda é uma referência, pois muito se fala dos filmes recentes, mais precisamente da última década (2015-2025), mas pouco se fala de EXCELENTES filmes LGBT antigos. O meu favorito e mais supreendente (e que está no livro) é "O Pecado de Todos Nós" (1967), com a incrível ficha técnica de Direção de John Houston, e no elenco, os já aclamados Elizabeth Taylor e Marlon Brando na época.

Marlon Brando faz o papel de um major gay que tem um casamento de fachada com Elizabeth Taylor, e apaixona-se por um de seus alunos do colégio militar onde mora e trabalha. Além de trazer Taylor nua em uma das cenas, o desfecho é um dos mais intrigantes do cinema. E ainda estamos em 1967, antes do Stonewall que traz a data que comemoramos, 28 de junho de 1969. Isso só para citar um dos 270 catalogados. Mas as pérolas são várias, internacionais e nacionais. 

E, para reforçar, vale lembrar que o Mês do Orgulho não é para comemorarmos a nossa existência, ou só para fazer festa. É para lembrar que nossos direitos como SERES HUMANOS são diariamente violados. E que no Brasil, o país que mais MATA LGBTs no mundo ainda, NENHUMA lei Federal foi criada para nos proteger. São apenas Leis Estaduais e Municipais, e decisões do STF (Supremo Tribunal Federal). Mais NADA. Feliz mês e dia do Orgulho LGBT! 🏳🌈

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