FILME: Madame Satã (2002)

Direção: Karim Ainouz.

Elenco: Lázaro Ramos, Marcélia Cartaxo e Flávio Bauraqui.

No ano de 2002, estreou nas telas brasileiras uma das pérolas do Cinema LGBT nacional. Vamos para a cidade do Rio de Janeiro, Bairro da Lapa, e para o ano de 1932. 

João Francisco dos Santos (Lázaro Ramos, numa interpretação digna de prêmio) acaba de sair da prisão e decide voltar à vida de transformista que sempre teve, pois seu grande sonho é se tornar uma estrela gay dos palcos cariocas. 

Ele mora com sua “família” numa casa simples de subúrbio: a prostituta Laurita (Marcélia Cartaxo) a quem trata como “esposa”, e seu amigo, também gay e confidente, de apelido Tabu (Flávio Bauraqui), que tem como a um irmão, além dos seus 7 filhos "adotivos". 

No plano amoroso, João está sempre às voltas com Renatinho (Fellipe Marques), um garoto perdido e sem escrúpulos, que não sabe o que sente realmente por ele. Seus momentos de maior prazer são suas apresentações musicais no decadente bar Danúbio Azul, de propriedade do grosseiro Amador (Emiliano Queiroz). 

Para se diferenciar dos demais artistas, João escolhe adotar o nome de Madame Satã, título de um filme que acabara de assistir e do qual gostara muito (dirigido por Cecil B. DeMille em 1930). 

Entre brigas e demonstrações de preconceito, tanto por sua etnia quanto por sua orientação sexual, Madame Satã se torna um mito, figura temida e ao mesmo tempo querida, aplaudida pelos que frequentam os bares da Lapa e sempre perseguida pela polícia. 

O próprio João se dava os adjetivos de elegante, célebre, valentão, artista, homossexual com orgulho, analfabeto inteligente, capoeirista e carnavalesco. Biografia imperdível com atuações irretocáveis de grandes atores nacionais. 

A título de curiosidade, João Francisco dos Santos nasceu em Glória do Goitá, interior de Pernambuco, mudando-se para Recife quando jovem, e, posteriormente, para o Rio de Janeiro. 

Outra curiosidade do filme, é que Emiliano Queiroz também já teve seu célebre momento na filmografia LGBT de nosso país, quando interpretou o travesti Veludo, na primeira versão para o cinema da peça de Plínio Marcos “Navalha na Carne”, em 1969, dirigida por Braz Chediak.

O mesmo personagem já teve uma versão anterior no Cinema, em 1974, com o nome de "A Rainha Diaba", interpretado por Milton Gonçalves, também relevante, e dirigido por Antônio Carlos da Fontoura. 


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