03 - LGBT+ na internet é pra dar risada - ADD Clara em Nieves

Finalmente janeiro acabou, pareceu o primeiro agosto do ano. Brinco sempre que na internet 1 mês são 10 anos na vida real, então vivo perdido nos dias da semana e até mesmo do mês vou apenas seguindo o cronograma e compromissos que eu tenho. 

Saúde mental no trabalho virou tema "recente" (última década teve um crescimento) e começou a ser levada a sério mas parece que cavamos o buraco e descobrimos muitos outros problemas a serem pensados quando o assunto é trabalho na internet. 

Sou criador de conteúdo fazem 6 anos (completo meu sexto ano agora em 2023) e como já conversei pouco com vocês sempre fui "casca grossa" pra muita coisa que já passei na internet por ser LGBT+. Sempre me apresentei como Nenny mas com a cara de Gabriel também, gosto de normalizar que por trás da minha drag e todo o trabalho visual que eu tenho, tem uma pessoa que sofre, sorri, chora e sente. Dentro de minha comunidade sempre tive isso de respeito a imagem de todos de todas as formas, corpos, faces e etc.

Durante minha tragetória passei por diversas plataformas de livestreaming e tive os respaldos de formas diferentes, mas vou citar uma em específico hoje para deixar no tema de hoje de como é ser LGBT+ na internet... é pra rir né ? É piada não é ?

As figuras principais da comunidade LGBT+ estavam presentes durante todo o processo de ascenção entre profissionais streamers e criadores de conteúdo de jogos aonde sempre estive atento. Sou amante de jogos desde pequeno, e conforme a coisa foi crescendo nos jogos de computador, eu fui entrando nesse universo. Os criadores LGBT+ desde o começo como Raphaela Laet, Henrytado e até mesmo Rainha Matos (que hoje ainda é streamer e também dona do maior instagram de fofocas do Brasil) eram vistos como chacota e motivo para piada, dançando conforme a música não só eles como outros que vieram logo depois seguiram e alimentaram esse "personagem" do LGBT+ caricato para ganhar o pão.

Ao longo do tempo senti essa pressão por parte do público crescendo, aonde com frequência a grande maioria do público LGBT+ fazia comparações entre essas figuras mais famosas do meio do tipo: "faz igual ela... grita igual ela.... joga com ela......" e com isso foi se perdendo muita essência e muitos criadores autênticos que surgiram durante esse processo todo.


Mas porque citar essa história toda ? O que isso tem a ver com LGBT+ na internet ?

Recentemente, tivemos um (de muitos) caso específico que vou usar de exemplo aqui hoje, aonde a streamer Sabrinoca, que é uma das maiores referências atuais de mulheres trans no cenário dos games, participou de uma briga com demais criadores de conteúdo e me foi muito interessante observar o comportamento de muitas pessoas que acompanham (na live da prória foram quase 12 mil pessoas ao vivo). Em primeira instância claro que eu estava ali pela fofoca assim como muitos, mas em outra observando como a deterioração do cénario e brigas entre criadores é algo que gera muito engajamento. Não me surpreende, mas sempre me assusta ver como existem pessoas que viam me perguntar sobre o ocorrido entre elas e o mesmo aparece somente quando tem alguma briga. 

Dado esse caso, eu nunca tive muitos números, mas sempre me portei bem diante de marcas que chegaram até mim como SBT, Intel, Lenovo, Netshoes e etc. Gosto de relembrar todo o meu conhecimento que obtive no meu tempo na hotelaria quando me relaciono com pessoas desse meio e até mesmo minha comunidade, gosto de levar a sério, mas claro que isso não é uma regra. 

Sinto essa pressão de entregar o mesmo que outros da nossa própria comunidade, a nossa bolha LGBT+, e essa pressão é por todos nós que dão a cara a tapa para criar conteúdo na internet. Fora da nossa bolha a comunidade hétero parece mais unida, mais forte e até mesmo mais aberta, e tudo isso com nós mesmos consumindo.

Tenho costume de falar isso tudo em live com frequência, felizmente minha resiliência permite sempre continuar pela comunidade que tenho. Hoje o Clara em Nieves é mais um desabafo de alguem que se chateia muito por ver sempre a comunidade se auto-destruindo quando poderiamos estar criando algo de proporção épica.

Planto minha sementinha todos os dias quando abro minha transmissão e converso com 1,5,10,20 ou 100 pessoas, ter um espaço aonde se sintam bem e que todo esse ambiente pareça menos hostil. 

O pedido de hoje é vocês engajarem sempre que podem criadores que tenham essa personalidade, ou mesmo criadores que vocês se sintam bem assistindo. Independente de onde: comente, compartilhe, curta, repasse e engaje. 

A internet já é um ambiente muito hostil, vamos fazer sempre nossa parte para tornar ela melhor para TODES 

Todo o meu trabalho vocês podem conferir através deste link 

Comentários