05 - Eu escolhi ser ? - ADD Clara em Nieves

É muito bom e libertador se sentir adulto e livre, acredito que a melhor parte disso tudo é o processo até chegar neste ponto. Acho que o adulto LGBT+ brasileiro é um dos mais bem preparados para lidar com a diversidade. 

Somos um país que mistura diversas culturas, um país rico em diversidade de todos os ramos possíveis. Até mesmo para eu que sou LGBT+ desde que me entendo por gente, e sou drag queen fazem 6 anos, entendo a dificuldade para lidar com essa diversificação de povos de proporção épica que temos no Brasil. 

Mesmo com a internet, informação e tudo isso, ainda é muito difícil ver que a LGBTfobia é mais viva que certas línguas e que cresce nadando contra a maré da lógica de que a informação e convivência com a diversidade deveriam ajudar no trato contra a intolerância e perseguição de pessoas que não agradam ou não se adequam ao padrão que alguns povos tem. 

Eu sendo um adulto de 26 anos já me canso de ver essa intolerância e LGBTfobia ganhar espaço nos dias de hoje, e imagino que ícones da luta LGBT+ como Kaká di Polly deveriam estar mais que saturados de viver nos dias de hoje sendo a cara dessa luta por tanto tempo. 

Já faz um tempo que não venho trazer um pensamento ou algo para se questionar no meu dia-a-dia, mas hoje ao escrever sobre a aprovação de uma lei que prevê PENA DE MORTE para homossexuais na Uganda, a mesma proporção que me deixam desacreditado, ganho gana para viver ainda mais essa luta. 

Vivi grande parte de minha infância e adolescência com essa pressão por atender a um padrão heteronormativo e que até mesmo era imposto na cabeça de meu pai, que foi minha maior referência a vida toda. Durante minha formação, eu tinha certeza dessa homofobia e da desaprovação caso me revelasse gay, mas na verdade era algo projetado nele para que eu ficasse "no armário". 

E como era estranho, ver meu pai professor e que vivia contando história de alunos LGBT+ de forma descontraída e eu com um medo sem motivo de me libertar como pessoa e até mesmo companhia de filho para ele e minha mãe. Com o tempo criei coragem e a minha "certeza" era só mais uma vez a famosa LGBTfobia velada, que ataca a todos nós LGBT de diversas formas por estar enraizada na forma que nossa sociedade foi formada. 

Essa luta me dá vontade até de escrever um livro, de colocar todos meus pensamentos para que algum jovem que tem medo de ser ele mesmo ou até mesmo algum adulto que não tenha tido essa liberdade, entenda que não está sozinho e veja que o mundo é muito mais colorido do que ele imagina que "não seja".

Como sempre, nessa coluna que carinhosamente chamo de "ADD Clara em Nieves", gosto de escrever pensando em acrescentar algo a quem está lendo. Este assunto é muito delicado de ajudar alguém que "esteja no armário" ou que tenha medo de se entender. Minha profissão como artista visual e drag queen sempre me apresentou caminhos de ser livre e exibir isso pro mundo, com isso sempre tive experiências de ver jovens me mandando mensagens ou me abordando em festas dizendo "que se inspiravam em mim". 

Dito isso, o ADD Clara em Nieves de hoje pede para você que está lendo apenas ser você. Você nunca vai saber quem você está encorajando ao seu redor e até mesmo inspirando a se desenvolver como você. Observe a sua volta também pessoas que te inspiram.

Movimente. Desenvolva. Perca o medo. Seja livre. 


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