FILME: Nos Embalos de Impanema (1978)

O filme brasileiro “Nos Embalos de Ipanema”, que está no nosso livro "Cine Arco-íris - 100 anos de Cinema LGBT+ nas Telas Brasileiras", mais precisamente na página 81, é dirigido e produzido por Antônio Calmon, o famoso autor de novelas da Globo, e foi feito em 1978.

O longa voltou a ser assunto nas redes sociais após sua disponibilização no YouTube no canal Estúdios Sakua:

Para assistir em 5 capítulos: https://www.youtube.com/watch?v=lmMhAjforM0

A obra, que retrata a cultura e os costumes dos anos 1970 no Brasil, é marcada por seu conteúdo homoerótico e reflete a complexa dinâmica social da época, alguns aspectos ainda presentes hoje.

A trama segue Toquinho (André de Biase), que ficaria famoso pela série "Armação Ilimitada", um jovem pobre de Marechal Hermes, subúrbio do Rio de Janeiro, que sonha em transformar sua vida.

Apaixonado pelo surfe, ele frequenta a praia de Ipanema e acaba se envolvendo com Patrícia (Zaira Zambelli), uma jovem rica.

 A situação se complica quando Toquinho, em busca de uma vida melhor, aceita a ajuda de Das Bocas (Roberto Bonfim), intermediário de relacionamentos homoeróticos.

O filme revela o deslumbramento de Toquinho ao ser introduzido ao mundo dos homens ricos e gays da época, representado por André (Paulo Vilaça). A relação entre Toquinho e André se torna um ponto crítico quando o jovem, inicialmente encantado com a nova vida, acaba enfrentando um colapso quando sua condição é descoberta pela família de Patrícia.

O clímax do filme acontece quando os pais de Patrícia, interpretados por Mauro Mendonça e Jacqueline Laurence, ficam chocados ao saberem que sua filha está envolvida com um garoto de programa, que na época era chamado de “michê”. 

A cena final destaca uma crítica mordaz à hipocrisia social da época, com Patrícia desdenhando Toquinho: “Tem milhões de garotinhos iguais a você por aí, sacou? (…) Fazendo qualquer negócio para subir na vida e um dia ter uma família ipanemense igual essa minha. (…) Você não passa de um babaquinha se vendendo por aí, a praia está lotada de você”.

Já o pai de Patrícia faz uma observação irônica sobre a orientação sexual de André: “O senhor que é feliz, é bicha, não tem mulher nem filha!”. O filme, que critica e satiriza as desigualdades e a moralidade da sociedade da época, continua a provocar discussões e reflexões sobre questões de classe e sexualidade.